Tags

, , , , , , , ,

Escrito por @RicoCorreiaUP leia mais em Usuario Padrão

Sentados em cadeiras de metal num terreiro no fundo de um galpão, com chão de terra batida, uma vela grande crepitava ao centro, enquanto algumas pessoas sentadas ao redor cantavam alegremente, já era tarde da noite e dentre as figuras na roda duas pessoas se destacavam, uma senhora com idos 80 anos, pele extremamente enrugada, mãos tremulas porem olhos vivos e alegres. E um menino, pouco mais que uma criança, que batia alegremente em um pandeiro com um índio desenhado e cantava musicas com pelo menos 3 vezes a sua idade.

A senhora olhava para ele com admiração e felicidade, vendo enquanto ele cantava e sorria, fitou o menino longamente sorrindo até que decidiu-se, levantou com certa dificuldade, andou devagar até o menino deu um tapinha no ombro dele e o chamou pedindo que ele a seguisse, caminhou para dentro do galpão enquanto ele a seguia ainda com o pandeiro nas mãos, ela encontrou duas cadeiras próximas e se sentaram.

– Que foi vó? Ta tudo bem com a senhora

– Ta sim meu querido, eu só precisava falar com você por um minutinho.

Ela ficou encarando os olhos grandes do menino e depois desviou os olhos pro pandeiro sorrindo.

-Meu filho, talvez você não entenda perfeitamente as coisas ainda, mas eu quero saber. Você realmente gosta disto tudo aqui?

-Claro vó, eu adoro isso fico a semana inteira esperando chegar hoje pra poder ficar aqui, pelo menos até a hora que meu pai deixa né.

Ele abaixou cabeça tristonho, se lembrando que estava chegando a hora de ir embora, ela afagou a cabeça do menino.

-Meu menino, se você realmente gosta de tudo isto, me prometa uma coisa, mesmo que você não entenda a importância disto agora, me prometa que no que depender de você, isto aqui nunca vai acabar tudo bem?

-Nem fala isto vó – ele olhou pro lado de fora ao redor da vela, com as pessoas cantando – Não quero isto acabe nunca mesmo, nem que eu tenha que ficar cantando sozinho do lado dessa vela – ele deu uma gargalhada de um jeito que só uma criança conseguiria fazer.

Ela sorriu e com uma mão tirou um anel que usava, pegou a mão do menino e colocou na palma da mão dele,

-Um dia você vai entender, o porque esta conversa é importante meu menino e ai por favor use este anel.

Pegou na mão do menino e voltaram para a roda ao redor da vela.